quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Eleonora Elisa - Porquê eu era diferente

Como eu me senti por ser criança surda?
Eu procurei entender porque eu era diferente da minha família e também era uma menina esforçada, em alguns momentos eu estava agitada, braba e chata, mas em outros momentos me sentia calma, brincalhona e bem. Em alguns momentos eu me sentia uma criança natural, com os mesmos sentimentos das outras crianças, mas às vezes não me sentia bem com outras crianças por não entender porque eu era diferente.
Se eu me senti vítima de preconceito?
Nunca enfrentei preconceito, e se alguma vez houve não me incomodou, porque minha família me apoiou e incentivou, ajudando a ter condições para eu poder vencer os desafios e construir minha consciência e comportamento do jeito certo.
Se eu não conhecia a palavra preconceito e nem seu significado, como entender a dificuldade de vivência?
Quando eu era criança e adolescente que aprendi a aceitar o porquê eu nasci diferente. Não lembro como eu aceitei, porque eu tinha bastante coisa para aprender e diversas coisas que gostava de fazer. Sinto-me bem com o que faço, e no momento não pretendo fazer nada para tornar-me igual e gosto de executar diferentes tarefas e fazer tantas coisas. Eu conquistei a coragem para enfrentar a vida como ela se apresenta a cada dia, com os desafios e armadilhas, agradecer a minha vida por mais um dia de consciência, experiências e conhecimentos.
Eu e outros colegas surdos fomos de classe especial da escola regular e aprendemos a língua que a professora de primeira série nos ensinou, português, mostrando o alfabeto e as vogais. Por exemplo as vogais com oralmente junto com os gestos, nada sentimos com a influência da professora que era rigorosa mas nos incentivava a aprender. Isso foi válido pois nós podíamos ter um bom desenvolvimento na aprendizagem e conhecimento. Para nos comunicarmos, usávamos o oralismo e pouca sinalização pelo alfabeto e os sinais maternos.
Eu sempre fui teimosa e queria aprender mais, ler, entender, escrever e me comunicar bem socialmente. Depois, com o tempo, mudei meu jeito de vida e passei a aceitar o desenvolvimento da comunidade e cultura surda e entendi como aprender com as diferenças de ser surda.
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