quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Janaína dos Santos - ( In ) Exclusão

INCLUSÃO X CLASSES ESPECIAIS

Hoje ao escrever sobre inclusão ou classes especiais sinto uma sensação estranha, pois aos uns quatro anos atrás acreditava que a inclusão era a cura para todos os males, talvez a proposta pedagógica mais adequada que eu já tinha ouvido a falar, então eu a defendia com unhas e dentes. Sim! Eu defendia, pois só conhecia proposta de teóricos estrangeiros e de países bem desenvolvidos que investe na inclusão e na equipe pedagógica que trabalha com esta prática. Mas no momento que encontrei com surdos e comecei a dar atenções e ver suas causas um outro panorama sobre a inclusão se desenhou para mim, por isso nada melhor que a teoria, a vivência e os relatos de vida de quem é surdo para saber o ue melhor para o surdo.

No Brasil a educação inclusiva começa a partir da Declação de Salamanca, logo que a inclusão começou ninguém tinha exatamente idéia de como trabalhar com a nova clientela que estava chegando. Desculpem usar um termo tão forte o que mais parecia um "depósito" não só de pessoas surdas, mas também com outras deficiências nas classes regulares. O que se percebe que não foi uma proposta, mas uma coerção em virtude da lei que passou a vigorá. A intenção da proposta inclusiva é linda, mas sua ação é péssima. Por quê tudo isso? Geralmente a idéia de inclusão vem de países europeus bem estruturados, que investe em formação, tecnologia e todos os recursos necessários, há por trás uma estrutura que quer desenvolver o máximo das competências das crianças, dando ênfase a interação com o outro para esse processo.

Mas vale lembrar que nesse processo não há 35 alunos e mais 3 ou 4 com alguma necessidade especial, em uma sala de aula minúscula com um professor sem capacitação para atender a todos. O autor Philippe Perrenoud tece esse tipo de comparação com os modelos europeus no livro "Pedagogia Diferenciada". Isto no Brasil é uma utopia, é um país sem estrutura e que vê na educação inclusiva aparatos para política e uma possibilidade de cortes de gastos. Simplesmente largam uma criança em sala de aula regular e eis a inclusão. Já presenciei inclusão de surdos, já vi e ouvi relatos em minha cidade e vou dizer as minhas impressões: Que inclusão é essa que impede um aluno de se expressar e desenvolver-se na integralidade, que negligência a forma de comunicação e expressão de sua clientela.

Vi que incluir pelo menos na minha experiência significa colocar um sujeito, num espaço dito de iguais, violentando sua cultura e sua identidade. Na minha visão inclusão não pode ser garantia de espaço, mas de desenvolvimento integral, respeitando os aspectos bio-psicossocial e linguístico. E se para isso é necessário escola especial ou classes especial ou escola regular tá feita a inclusão. Enquanto o Brasil tiver a inclusão como garantia de uma espaço numa classe regular, sem o olhar para esse sujeito e nas suas representações e no que verdadeiramente ele precisa para um desenvolvimento integral. A inclusão se torna um aparato das políticas pública e um sofrimento para o surdo. Em virtude de tudo isso devo dar razão a professora Karin Strobel em seu artigo A visão histórica da in(ex)clusão dos surdos, ela comenta que nesses moldes a escola não é inclusiva, mas uma adaptação forçada.

Licença Creative Commons
Este obra foi licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Brasil.