segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Repensar o Currículo - Marlei Tarragô

Sobre os sentimentos que enfrento no dia-a-dia ... Quero escrever sobre minha impotência no âmbito da linguagem expressiva - o que em muitos momentos percebo não atingir com muitos alunos : a Compreensão da informação,da mensagem . Estou em espaços de construção do saber ( 2 escolas com turmas de educação para surdos) e da linguagem.Espaços que possibilitam trocas e crescimento lingüístico .
Mas o que vemos ,é que dependendo da situação social do indivíduo ,digo,dependendo da idade em que este chega a escola e de sua vivência lingüística com a LIBRAS ,é enfrentado um grande embate por parte dos sujeitos em construir sua Língua "natural" . Minha permanente insegurança diz respeito ao nível de linguagem expressiva e compreensiva de muitos dos surdos com quem trabalho. Não basta ser usada a LIBRAS como forma de expressão e transmissão dos conhecimentos.Deve haver uma grande preocupação e cuidado com os significados dos sinais utilizados ao transmitir informações: Fui entendida?, houve significação para a informação transmitida?, os dados informados foram compreendidos?,meus questionamentos terão respostas coerentes?... É constatado que não adianta utilizarmos materias com LIBRAS ,filmes com interpretação ,softwares com tradução ...se não houver o conhecimento da língua por parte de quem nos assiste. O que quero deixar aqui é um desabafo e um desafio aos surdos professores de LIBRAS atuantes nas escolas com surdos : Temos que juntos pensar em um currículo que atenda as necessidades básicas da Língua (LIBRAS); em metodologias de trabalho que possibilitem os surdos que não vivem em ambiente lingüístico favorável ,desenvolverem raciocínio lógico e crítico . Que se apropriem de sua língua de forma a utilizá-la em todos os contextos . Que compreendam e se façam compreendidos. Esta é uma das minhas inquietudes diante da educação de surdos.
Marlei Tarragó
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