Santa Maria, 10 de outubro de 2008.
De: Carla Tatiana
Para: Graciele
Olá, Graciele! Estou escrevendo esta carta para contar um pouco de minha história. Por isso, intitulo como “recorte”, pois nossa trajetória (vida) é feita de caminhos e des- caminhos.
Pensando em Educação de Surdos a minha inserção, ou seja, a materialidade, se deu na escolha do vestibular, no qual optei por Educação Especial, habilitação deficientes da audiocomunicação , na Universidade Federal de Santa Maria. Aí eu faço um “parênteses” querida Graciele, acredito que aqui tenhamos um “ recorte “ em comum, já que você também é educadora especial da mesma instituição e com a mesma habilitação. Quando recebi seu nome para escrever pensei, nossa história tem muitos pontos semelhantes, porém não iguais.
Falar da inserção na Educação de Surdos tem muito disso pontos semelhantes e não iguais, quando nos reunimos numa mesma formação, mas muitas vezes com interesses e fins diferentes.
No meu caso, o que me levou a esta escolha profissional foi o interesse, a curiosidade pala Língua de Sinais. Mas com isso, não quero dizer que Educação de Surdos seja só isso, talvez no primeiro momento possa me parecer, mas com a inserção fui me dando conta que existem outras questões como relações de poder as quais também me motivaram e me levaram a hoje estar em um programa de pós-graduação com o foco de pesquisa na Educação de Surdos, especificamente no que diz respeito à escrita de sinais ( Sign Writing ).
A curiosidade me levou a onde estou. Mas onde estou? Que lugar ocupo? São questões que me levam a refletir e pensar muito minha prática nesse campo. Escrever esta carta, talvez seja o registro de onde estou nesse momento, muito mais para mim do que escrever para você Graciele, que já nos conhecemos e nós des-conhecemos em diversas circunstancias desse campo de saber e poder cheio de surpresas.
Talvez eu não tenha falado nada, que faça você me conhecer e entender o porquê estou aqui. Mas sei que o quê escrevi até aqui é produtivo e tem um significado talvez não tão claro como costumamos ver, ou queiramos.
Graciele desejo que neste curso eu possa revelar o porquê estou e desejo permanecer no área da surdez já que cada dia é um dia e esses produzem representações variadas à respeito de tudo.
A inserção é diária à medida que estudo e me relaciono com os sujeitos surdos que são os que podem com legitimidade narrar sua educação e eu uma “ curiosa “ faço dos meus “ recortes “, quem sabe uma colcha de retalhos em determinadas épocas como por exemplo: uma trabalho final de curso e daqui uns tempos uma dissertação com essa temática , já que estou dando os primeiro passos no mestrado.
Para finalizar esta breve escrita ( carta ), acredito que despedir-me, seria um tanto brusco, pois até por possuirmos “ recortes comuns “, como já mencionado, penso que estaremos a partir de agora estreitando os laços, “ procurando agulhas e linhas “ para fazermos quem sabe uma “ colcha “ de nossas histórias. Sendo assim, minha cara Graciele, digo-lhe um até mais.
Com carinho, Carla Tatiana.